Estátuas de Tédio
Aprisiono o grito que afirma a ferida;
Grito que agride
Os alaúdes em silêncio,
Na escuridão
Onde ensimesmado, mergulho...
Espectros dançam ao som dos lábios;
Música agonizante
Da mais triste musa,
Em escalas de delírio e ferrugem.
O cérebro em febre
Abre abismos
Nos territórios onde a nudez dos deuses
Mostra fragilidade.
A consciência
Mergulha no espírito
Onde lágrimas chovem
No árido solo do coração.
As cicatrizes calam feridas
Fecham
Com pele, a ausência em fogo;
O mistério da morte exibe os dentes:
Nódoas no sorriso.
Em mim peca a carne,
Memória, que o amor subverte.
Cinzel de sombra
Esculpindo o granito da espera.
Estatuas de tédio
Desafiando a amplidão da eternidade
Com a estreiteza dum sopro.