A gota
A gota ainda goteja.
Costuma sempre gotejar,
Sempre, sem parar.
Gotejar não é moleza.
Gota por gota,
Goteja suas gotas,
Gotejando alegremente,
E, com gotas, suavemente.
Nunca antes as gotas,
Em sequer uma goteira,
Pararam de gotejar,
Sua vida era o gotejo.
E era no gotejo
Que a gota sentia-se viva.
Era uma gota vívida.
A sempre gotejar.
A gota ainda goteja,
Da goteira, gotejante,
Que goteja, goteja...
E a sempre gotejar.
Mas que gota gotejante,
Em sua vida gotejada,
Em sua gotejada mente,
Haveria de não mais gotejar?
Então a gota não mais gotejou,
Pois cansara de gotejar,
Largou sua vida, seu lar.
E foi-se.