Bala de prata

seria a resposta

ou apenas um grito?

a vida é encruzilhada

seduz pelo conflito

odor da emboscada

gargalha quem pode

sei que não posso

por isso calo

choro a prestações

ouros aos milhares

pelas minas e bancos

tantos podres haveres

bilhões de céus, estrelas

partilhando imensidões

isentas do aluguel mensal

ah, nosso exílio moral

modo venal de existir

acena à autoextinção

do cosanguíneo mundial

responda: qual é o total?

irmãos até a página dois?

a tempestade é a mesma

e parcos são os barcos

sobreviva quem puder

sei que não posso

por isso, sonho

me dobro às ilusões

o último recurso frio:

lançar-me ao abismo

deste destino vazio

na mão trêmula, suor

a bala de prata reluz

do arcabuz, o gatilho cede

mede trajetória ao alvo

pede perdão pela falha

e a noite engole o som

seguinte vem o dia

do amanhecer morrente

o vento silente repousa

ousa omitir-se do mal

da injúria verbal do fim

outrossim, o desaplaude

meu tão augusto corpo

a terra sufoca, mastiga,

mas a alma suspendida

vai-se na lida dos anjos

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 16/01/2024
Código do texto: T7978177
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