Humanidade em desvario

Uivam, ferozes, os ventos

trovejam os canhões

sibilam os mísseis

assobiam as balas

voando como abutres, aviões matam,

tanques esmagam a desgraça

casas que se desmoronam,

transformam-se em pó,

soterrando pessoas e animais,

choram as crianças

gritam as mulheres

morrem os homens!

O mundo desfigura-se,

conflitos estúpidos acontecem

cada vez mais frequentes,

grita-se, esbraceja-se

mas as vozes da razão

são incapazes de penetrar

as gélidas mentes da incongruência!

De tempos em tempos

surge um louco

acometido de escuridão da maldade

pensando-se um ser iluminado

pela razão que é só dele

contrariando a assertividade da verdade

e do sentir da humanidade…

Que mundo é este

tão depravado e sem sentido

desprovido de sentimentos

que se vão configurando normalidade aflitiva?

Dói-me a alma,

aperta-se-me o peito

ao ver tanta dor,

tanta morte inútil e estúpida

que nos é apresentada a cada dia

pela frieza dos canais de televisão!

Tudo já parece natural

tão vulgares se vão tornando

as imagens de gente desabrigada,

com frio e esfomeada,

gente inocente

cuja culpa é a de estarem em local errado

em momentos errados…

Que futuro terá este nosso mundo

e o seu povo tão sofrido,

nesta atrocidade tão dolorida

não só pelas guerras,

mas, também, e premente pela fome

que grassa em tantos países

onde os mandantes são nababos

a viver como senhores alambazados!

Sinceramente…

não consigo imaginar solução

para este desvario da humanidade…

onde a harmonia e os afectos esmorecem

e o amor agonizante vai morrendo!

Peço-te ó paz, serena paz

que não te ausentes,

não abandones este povo terráqueo

que tanto tem sofrido.

José Carlos Moutinho

28/2/2024

José Carlos Moutinho
Enviado por José Carlos Moutinho em 08/03/2024
Código do texto: T8015310
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