Suposição

Supus num insalubre dia que a verdade comigo

habitava no inverno. Estive caído na sombra

do outono, esperando as mentiras ruírem.

Quando o outono chegou, dei-me de costas

à fumaça fria da nuvem ilusória.

Sou o mais cético do quarteirão,

quando julgo olhares, crio cenários:

vivo imaginação, não suponho concretude,

nem sofro, nem me abato, porque

todos me odeiam, amam ou me atacarão.

Mas quem dera se eu valesse de algo…

Um dia quis sair do mundo sozinho.

Não ser memória de um nome e um corpo,

ser um grão de areia, uma gota de orvalho,

um câncer que cessa, um espelho sem gente…

Dei-me rente à realidade monótona:

um ser de cérebro paranoico, frágil, poeta,

que nada cessa a não ser versos gelados,

como reflete a solidão que nada o completa.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 14/04/2024
Código do texto: T8041431
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