As Víboras

Rastejo em sonolência com o abismo

Naufragando na cauda da serpente,

A vida sinto a traíra inconsciente

Dormir o meu veneno de cinismo.

Sofri nas regras do acaso das cobras,

Fui ingênuo por duas décadas inteiras,

Talvez se a misantropia fosse as veias

Eu jovem não seria alvo dessas obras.

Sufocado no invólucro tão cru

Embebedei-me o amor e a falsidade,

O chocalho na ponta, a triste arte,

Trágica e solitária, dormi nu.

O cético descanso e as minúsculas

Inócuas e inúteis questões d'alma,

Abocam na garganta desta palma

O aperto que de dentro, suga as súplicas.

A minha introversão vai numa queda!

Sozinho nesta selva de sonâmbulo

A insônia, pesadelo desse preâmbulo,

Introduz a pele morta que me cerca.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 28/04/2024
Código do texto: T8051700
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