Depoesia
Na ânsia de uma explicação, pra tudo,
Achei - em vão - o definir-me.
Cansado de ser moribundo
Ele afirmou: sonhe, ame.
Porém, sobressaltado, indaguei:
Onde existo? Que não existo em mim
No Outro, algo de muito além de ti.
E jamais olvide: o guiei
Para que se perca - abandonado.
E logo que se viu perdido
O achou - Outro - à beira do inferno.
Exclamei: Porque estás tão calado?
É esse suplício. Veja o forno
Que consome os heterônimos.
Nossos irmãos, a eles faltam rumo.
E mesmo - irmãs - não temos,
Mas olhe como eles se subdividem.
Não há quem os pare.
Logo que é tão obscuro
Siga - adiante - pela estrada afora.
E torne-se um deles: disperso.