Depoesia

Na ânsia de uma explicação, pra tudo,

Achei - em vão - o definir-me.

Cansado de ser moribundo

Ele afirmou: sonhe, ame.

Porém, sobressaltado, indaguei:

Onde existo? Que não existo em mim

No Outro, algo de muito além de ti.

E jamais olvide: o guiei

Para que se perca - abandonado.

E logo que se viu perdido

O achou - Outro - à beira do inferno.

Exclamei: Porque estás tão calado?

É esse suplício. Veja o forno

Que consome os heterônimos.

Nossos irmãos, a eles faltam rumo.

E mesmo - irmãs - não temos,

Mas olhe como eles se subdividem.

Não há quem os pare.

Logo que é tão obscuro

Siga - adiante - pela estrada afora.

E torne-se um deles: disperso.

Marcelo Luna
Enviado por Marcelo Luna em 25/01/2008
Código do texto: T832885