Ontem Contigo Morri

Ontem, ainda vivo, resolvi visitar-te.

Armei mil brincadeiras,

para, de todas as maneiras,

fazer contigo minh'arte.

Que saudade daquele olhar cintilante!

Daquele sorriso faceiro,

do teu hálito, teu gosto, teu cheiro,

teu jeito maroto, alegre, falante!

Trinta anos sem encontrar-te um dia,

desde que terminamos a faculdade.

O desejo de ver-te chegou sem alarde;

como estarias agora? Agora, como estarias?

Em variados modelos, imaginei-te Senhora.

Cabelos curtos, longos, louros, castanhos...

Com certeza nenhum me seria estranho,

ao encontrar-te em combinada hora.

Rua Oliveira, cinco, cinco, quatro,

era o endereço que possuía,

enviado por ti, em passados dias,

num roto e guardado retrato.

Ao soar da campainha,

ouvi passos com emoção

e ecos num coração,

que nem ritmo mais tinha.

Um murcho sorriso sorveu-me...

Olhos cicatrizados cortaram-me...

Pensamentos doídos fitaram-me...

Ontem contigo morri,

mas ainda estou aqui,

de corpo presente ,

...mas tão ausente...

Nota: Estes versos são mera ficção, mas poderiam ser reais.

Di Amaral
Enviado por Di Amaral em 15/02/2008
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T861248
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