ESPAÇO E TEMPO VAZIOS

O sol amanheceu, mas o galo não acordou
Relógio marcou um tic-tac incessante
Som letal de rajadas em segundos mortais
Espaços meus despertaram confusos neste andamento
Minutos imperaram como senhores
Do tempo fugaz, do meu silêncio de mora
Coabitaram  com momento, primo irmão da era
Na atmosfera de vazios sem fim
Confusa, abordei meu ambiente
Um dia inteiro, que foi repasso eterno
Contraposto terno da candura ardil
Semeei flores, colhi joios, em horas a fim
Ditames ferrenhos do senhor do tempo
Esvaziando o santuário incólume
As horas passaram. Meu espaço fechou.
O saber da alma  se arremessou
No precipício das nuances do breu
A morte foi lenta e certa no dia a dia
Uma esquina casta profanada estava
No vazio das horas que o silêncio abrolhou...

Denise Severgnini
20/02/2008  19h56min

MOTE:

O mote é sobre uma música portuguesa:Espaço e tempo
autor : Camané
O tempo com que conto e não dispenso
Não limita o espaço do que sou
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