IMAGEM APAGADA - NA INTEGRA
Vou apagar essa imagem de mim
Para eliminar o que me tornei
Hoje o meu sorriso
Perdeu-se
Procurei, chamei, mas não o encontrei
O meu rosto permaneceu estático
Ausente, indiferente
Senti vontade de ir embora
E não mais voltar
Neruda em um dos seus poemas diz:
“Acontece que me canso de ser homem”
Eu digo: “Acontece que canso de ser gente”
Tudo se torna vago, vazio
Os meus erros estão diante de mim
Não sei ser como as demais pessoas
Não sou o suficiente bom e capaz
Para estar com elas, entre elas
E as perguntas surgem ainda hoje
Muito embora o tempo tenha passado
Onde tudo perdurou
E o que ficou?
Sinto as mesmas inquietações e vazios da
Minha adolescência
Acho que por que foi sublimada
Embutida em historias mal contadas
Talvez tenha me perdido
Em toda essa ausência
De não saber me construir
O tempo passou
E o que restou
Sobras, migalhas que tento
Juntar a mim
Para talvez me sentir igual
Normal
Mas o que houve?
O inconsciente pergunta
É tudo tão tosco
Entorto o corpo
E ponho o coração na mão
E esprimi um sorriso
Buscando uma razão
Perguntei-me numa certa hora
Porque esse desencanto pessoal
Diante de tudo agora?
Então fiquei mudo
Talvez surdo, quisesse argumentar
Fundamentar,
Quis dizer, falar, conceituar, chorar
Mas o meu “eu” virou-se
Afastou-se
Enquanto a noite caia
Na sua bela quietude
Fechei os olhos
Então ouvi ele falar
Deixe o amanhã nascer sem você
Nada ira mudar
Não! Não precisam chorar...