Eu, deserto

Jardim florido já fui, em tempos passados.

Cuidado, zelado, admirado.

Morada de pássaros, os mais belos.

Perfume exalava, olhares atraía,

inspirava romances.

Fonte de paz e prazer.

Como todo delicado jardim, porém,

sem proteção, morri.

Sem água, sem carinho, sem cuidados...

Hoje, deserto, não produzo vida.

Inóspito, agressivo, nada que me cerca se move.

Nem mesmo a serpente, em mim sobrevive.

Coração vazio, sem pulsar, estéril.

Nada de flores, de ramos, de matas, de sombra.

Sequei!

Apenas e prá sempre, sequei!