O PEREGRINO

A tarde desce suave.

Ao horizonte, o mar.

Os pés caminham na areia.

Os olhos a marejar.

Nuvens perpassam o céu.

As ondas a marolar.

Andando, como sem rumo,

O Peregrino a pensar.

A brisa toca-lhe o rosto,

O som e o cheiro do mar.

Conchas repousam na areia.

Os homens à beira mar.

O choro, dele, mais forte.

Forte, o rugido do mar.

O sol que já se declina.

Os passos a tropegar.

As ondas sempre constantes,

As pedras, põem-se a sulcar.

As dores e os sofrimentos,

O Peregrino, a moldar.

Os peixes se decompõem

Sobre a areia do mar.

Abutres comem os peixes.

Segue-se o curso do mar.

As ondas têm um caminho.

Nuvens caminham no ar.

Conchas, peixes, seu destino.

Nenhum deles, reclamar.

Do nascer do Igarapé;

Do rio que morre no mar;

Do voar da andorinha;

Todos eles a louvar.

Todos cumprem seu destino.

Nenhum deles, murmurar.

Só o Homem, ser divino,

Não se lembra de adorar.

"Os céus proclamam a glória de Deus,

e o firmamento anuncia as obras das suas mãos."

Salmo 19.1

Moses Adam, Ferraz de Vasconcelos – 18.06.2008

Entardecer na praia de Boracéia – Bertioga - 15.06.2008