Prece

Examina

por favor não apenas meus rins

mas minha memória

meu trilhão de células invisíveis

que singram no labor das veias intactas,

clamo que me refines

como quem procura o ouro mais perecível

como quem destila a lágrima

buscando o sal mais cristalino,

ontem dei dez passos

em direção a abismos

mas compenetrado hesitei

num sussurro petrificado

outras horas caminhei

à beira da heresia

hoje volto carregando

todas as páginas da saudade,

examina, por favor

minha carne agoniada

meu desejo silenciado no exato momento

minha serenidade química

de hoje,

tão cedo despertamos

dez passos rumo as tempestades

clamo que refines, por favor, ó Deus

meu humano imperfeito insensato

coração ...