Poema curto para um poeta em crise (para Edu Silveira)

Entre tuas vidas amordaçadas na ausência

e teu riso amargo ainda que não queira

pisaram teu mundo, tua serena paciência

tiraram teu chão, teu rumo, Edu Silveira.

Ainda que teus castelos em pó, em bruma

ao tempo se rendam de alguma maneira

restará a sensação de que nunca, nenhuma

destas agruras será a ti fatal, Edu Silveira.

Quisera eu saber o fim, o incerto futuro

que de nós um peso mortal talvez requeira

mas mesmo assim, estranhamente eu juro:

nada tirará de ti a luz, Edu Silveira.

Onde me escondo no abandono de mim

à procurar-me em vão a vida inteira

é onde te escondes do mesmo modo assim

no teu próprio ser inquieto, Edu Silveira!