MENSAGEM
Agosto 2004
Para minha sobrinha Gisela
O dia amanhece...triste
Em meu peito aparece
Aquela velha ferida...
A sensação de orfandade
aflora, persiste...
Tento manter a calma
Mas minh'alma chora.
O céu parece que também chora...
Nesta manhã sem alma!
A sensação de vazio, tão forte
Como um vento de morte...
Soprando, soprando, soprando...
Empurrando meu corpo inerte, sem sorte!
E nesta hora terrível,
Em que a solidão invade,
O telefone toca. Atendo impassível...
Quem seria? Era uma mensagem...
E naqueles versos tão amigos,
Tirado do livro dos livros...
Começa a soprar um vento de vida,
Soprando, soprando, soprando...
"Há tempo para tudo
Debaixo dos céus...
Tempo para chorar e sorrir,
Tempo para destruir e construir..."
Emoção, curiosidade; juntas...
Quem seria?
Quem de mim se lembraria?
Quem para mim sorriria?
E a resposta chega no final:
Era de minha afilhada,
A mensagem delicada, imortal!
E ela, sobrinha, gentil, amada!
E aos poucos o sol começa a surgir...
O cinza dá lugar ao azul,
Fora de mim,
Dentro de mim!
E eu então recupero minha visão:
Consigo ver o rosa dos ipês,
o vermelho dos bicos de papagaio,
o rosa dos hibiscos...
A rosa que se abre em meu jardim,
O cravo que ganhei na véspera,
Consigo ver o amor, enfim!