O símbolo

Ah! símbolo por que me persegues?

És o ópio dos que vivem na mesmice,

dos que só vêem esperança na morte,

dos que vegetam suas misérias,

dos fechados ao novo, ao marginal.

Atormenta-me porque és mais forte,

Mas não és nada. És só símbolo.

Um dia a querência popular mudará.

Não será mais tediosa,

não aceitará mais tuas idéias,

teus caminhos estarão carcomidos,

tuas palavras desconotadas.

Espero, então, estar aqui.

E vivo.

Para te substituir

por um outro símbolo.

(Do livro: O avesso do exato. Inédito)