CAMBALEANTE

Meu viver foi só trabalho

remando contra as marés,

costurei cada retalho

consertando o seu viés.

Toda sorte se escondeu

e dela nem tive abraço,

nem por isso me doeu,

não dei chance ao meu cansaço.

Fui dando tudo que tinha

e como o surrar de um sino

a dor foi somente minha,

nunca culpei o destino.

Às vezes cambaleante,

outras vezes dei guinada,

de mim mesma fui amante

por mim mesma fui amada.

Plantei um bobo sorriso,

inventei o meu jardim,

rabisquei o paraíso,

fiz meu Deus perto de mim.

Peço ao sol ele me aquece

e não me deixa chorar,

nessa força a alma não tece

a tristeza em meu olhar.

Com o andar cambaleante

fiz a trilha verdadeira,

não sei dar passo gigante,

porém sei chegar inteira.

Desenhei o meu futuro,

Jogo força em cada passo,

sou a luz do meu escuro,

é na raça que eu me faço.

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 17/12/2009
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