NO MAR DOS DELÍRIOS
Meus delírios me fazem companhia
São raios de sol numa tarde fria
São uma brisa que vem ao meio-dia
Aliviar as tensões do amanhecer
Preparar-me para a tarde e a noite que chegam
Às vezes antes do entardecer
Trazendo risos, prantos ou saudades
Eflúvios de tantas sensibilidades
Sinais que fazem ou fizeram sofrer
E não me venham convencer
De que sem meus delírios eu viveria
Não me tentem, pois dizer
Que sem eles eu até ficaria
Rindo, chorando, sem me comover
Meus delírios são calados no papel
Ressurgem na tela do computador
São suaves, não cobram não exigem
Nada além do que chamo de amor
Nada além do que ou é prazer ou dor
Lágrimas suaves deslizantes pelo rosto
Transformadas num sorriso a gosto.
Cujo gosto alivia o meu sofrer.
Meu delírios: simples expansão de sentimentos
Encalacrados no peito
Buscando no tic-taque sua libertação
Alívio suave para esta emoção
Que se não quer perder sem sentir-se forte
Ante a vida, incapaz da morte
Porque morrendo o poeta, morrem os delírios
E a sensibilidade cai no mar do nada.