Até aqui (das histórias que ouvi)...

Cheguei a engatilhar o Schimit e encostar na têmpora direita;

O inibex com conhaque acelerou o pulso e tirou minha coragem;

Meu mundo era viagem, trabalhos forçados, punga e vadiagem;

Duvidei de tudo, de todos e mijei nas oferendas do despacho;

Com meu saco na rua, sem rumo, faltando feijão, farinha e tabaco;

Cachaça no carote de plástico, álcool combustível com meio limão;

Sem banho por vários dias, cachimbos e seringas jogados no chão;

Pensando na mãe que sumiu, no pai que não viu, meus irmãos;

Conheci o X, o boi, os pipas, a faxina, o moca, os funça;

Em romani estardado, e quem não sabe não entende a bagunça;

Mas tenho fé que isso vai acabar, é só tomar uma e parar de tremer;

Quero trabalhar, mexer em computador, aprender a ler e escrever,

Aproveitar o restinho de vida, que ainda tenho pra tentar viver...

BORGHA
Enviado por BORGHA em 05/03/2010
Reeditado em 17/03/2010
Código do texto: T2121177
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