Alma Cativa
Por que me olhas? Ó lua!
Com tua face tão nua
Brilho roubado do sol
Rompendo pela janela
Não sabes que assim desvela
Um lamento em meu lençol?
Nascendo por trás da palma
Me afrontas com tua calma
E eu, nesse mar de tormentos
Imerso na escuridão
Mergulhado em solidão
Desterro dos sentimentos.
Traze, pois, em teu luar
O poder de tanto amar
As expressões mais singelas
O mero brilho do sol
No despontar do arrebol
Faz-se das coisas tão belas.
A luz da mais tênue estrela
Torna-se fúlgida ao vê-la
Com olhar simples de criança
O ódio se torna amor
O espinho se torna flor
Enche um mundo de esperança.
Ao zênite vais rumando
E eu aqui vou invejando
De tua jornada altiva
Traze do alto alegria
Traze também alforria
A esta alma cativa.