A VIDA

A vida deveria ser partilha,

Como estrela que sempre brilha,

Como a luz que a todos alumia,

E não esta fragmentada ilha.

A humanidade guia-se na insensibilidade,

Desabrocha na mediocridade,

Semeia esperança e amizade,

E rega com crueldade.

Atos insanos, fantasiados de verdade.

A humanidade cria máscaras,

Deturpando os sentidos, fazendo trapaças.

Muda do real para o artificial,

Perde-se do seu ideal.

A verdade é esquecida,

Perdida no tempo vira lenda.

Vagando como mera lembrança,

Em brincadeiras de criança,

Ou algo assim inventado,

Para manipular o povoado.

E a máscara arde e gruda na cara,

Impregna-se como carma.

Perde-se a decência,

A essência, a clemência.

O importante, muda de lado,

Flutua no vazio abstrato.

Procurando uma brecha,

Antes que a porta se fecha.

No coração algo fica faltando,

Procura-se, mas não se sabe o que se esta procurando.

Até parece que vira ilusão,

Algo desconhecido, sem razão.

Sofre-se por antecipação,

Vê-se a vida como um grande borrão,

E os feridos; ferem por suposição.

As dores causadas no ontem,

Cravadas num tempo que não existe mais,

Ainda doem, parecem reais,

Mas, o que nos fere, são reações normais,

Causadas pelo “bicho” homem,

Que esqueceu que são racionais.

Um coração que perdoa, ainda sente a dor,

Mas esta, não lhe causa dissabor.

Enquanto ainda dói, recolho-me no silêncio da noite,

Como presa no tronco do açoite,

Onde o chicote pendurado ainda pinga,

A vermelhidão do meu sangue.

As fissuras abertas na pele,

Menores do que a do peito, que lágrimas expele,

Jazendo na face sem conotação,

Deixando na alma mórbida emoção.

Noites e dias passam iguais,

O orvalho da noite seca ao calor do dia.

No crepúsculo, cai fina chuva fria,

Lavando externas feridas,

Ficando as internas como benzidas.

Livro-me do cativeiro,

Fujo em desespero,

Sufoca-me este grito entalado,

Agitando para ser clamado.

Prendo-o até que tenha passado,

E seu furor amenizado,

Pois, jamais seria escutado.

Ainda sou ave de asa quebrada,

Que em sua dor, se recolhe calada.

No olhar, lágrima exaltada,

A espera de ser curada,

E ao céu ser novamente lançada.

Susely
Enviado por Susely em 09/10/2010
Código do texto: T2546589
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