SOL DE ALGUÉM

Tu

Que beijas com prazer o chão que pisas

Como fazes a cama gelada onde te deitas

Tu

Que cego só vês as curvas da estrada

Sem contornos delineados

Tu

Que bebes em goles negros as gotas ácidas

Soltas pela tempestade que te enxuga a alma

Tu

Que olhas o destino como certo sem final traçado

E te guias pela cigana lendo a sina à palma rasgada

Tu

Que te moves pelos quadradinhos selados

Pelo cadeado moribundo ocultando a luz

Tu

Que te chamuscas ao sol desprotegido

Soletrando o risco a par da solidão

Tu

Que sangras como mulher menstruada

Desses olhos atormentados de olheiras

Tu

Que te crucificas na tua própria sepultura

E descompões com arranjos o teu cadáver

Agora

Que sei que te feri

Mais que os cinco sentidos

Levanta-te

Galvaniza-te à minha decadente linguagem

Numa luta acesa contra a guerra

Ergue-te ao templo dos Deuses

Idolatra a água viva da nascente

Impõe a raça branca à tela da vida

Dá a mão às sete cores do arco-íris

E constrói…

Constrói a cada passo

O telhado da tua própria casa.

20.11.11

“Por mais longa que seja a noite o sol volta sempre a brilhar.” F. A. Fracasso

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Jessica Neves

Jessica Neves
Enviado por Jessica Neves em 21/11/2011
Reeditado em 21/11/2011
Código do texto: T3348135
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