Horizonte

Espaço, esse ser quase invisível

Fonte, e ao mesmo tempo desmonte, de todo olhar

Se há o que fazer

Há também o que destruir

Viver e curtir

O couro, o corpo, o sonho

Espaço, esse quase invisível ser

Fronte, e ao mesmo tempo têmpora, de um rosto em

decomposição

Composição mental que desnuda a face e o disfarce de um

mundo vazio

Disforme mundo, imundo e faminto

Um pouco solidão

Um pouco sol

Um pouco lua e aflição

Espaço, esse quase ser invisível

Em verdadeira extinção

Criar o espaço e recriar os passos

Andar os passos e refazer a criação

Jogar com o tempo

Olhar para a fonte

Erguer a cabeça

Empinar o horizonte no qual a pipa, defronte, mergulha

Espaço vazio, sem sombra, sem chão