A Prima Hora (ou a resposta ao Fim)

A Prima Hora (ou a resposta ao Fim)

Ao Fim, que abocanha o Mundo

Com podres dentes

E pele purulenta

Dedico este poema

Àquele que cospe e escarra imundo

No qual somente existem vermes no fundo

Mal sabe ele, o Fim,

Que sempre a negação perderá para o sim

Ao Fim, que sabe que tudo tende a ele

Embora mal saiba ele

Que após a Última Hora

Ressurge o brilho da antiga aurora

Que traz em si a luz de outrora

Mal sabe ele, o Fim,

Que tudo completa o seu ciclo

Mal sabe ele, coitado,

Que mesmo reinando em todo lugar,

O Tudo tende a voltar

E o Fim engole a si mesmo

O Fim, coitado,

Não aprendeu até hoje

Que a existência é o vir-a-ser

O início é pleno e em todo o lugar

Onde quer que a rosa revigore

Ou o amor renasça

Eu estarei lá

Eu, a Prima Hora.

(Este poema e "A Última Hora" são complementares)