L E T H A R G I A . . .

L E T H A R G I A . . .

De que modo brutal

me torturam as idéias;

as lúdicas armadilhas

-- dilemas literários --

Às vezes, eu as sinto, pulsando,

aqui dentro, vivas, ávidas...

sair querendo...

Mas a flor não brota

se a planta não nasce.

E porque nascer é preciso,

a caneta, o lápis, a ponta de giz

rabiscam, às cegas, planas superfícies,

buscando cenários, cores;

movimento -- coreografia, atores –

existentes, mas perdidos

no palco imaterial da criação.

De repente,

um tênue grifo de luz

cintila, intermitente...

e depressa vai crescendo..

A respiração acelera e me sufoca

-- eu me agito --

o coração, forte, descompassa

-- eu palpito --

e então, aos poucos,

as palavras vão saltando

da alma para a mão aflita;

como nesta poesia,

nascida do esgrimir difícil e incessante

desta teimosia bendita!

(Tadeu Paulo)