A MENINA QUE INSPIRAVA SONHOS

E vivia, como quem vivia em guerra

Acolhendo sobras como se fossem doces

E sonhava, como numa vida bela

Sorrindo, como se escudo fosse

Horas cantava, quando ninguém ouvia

Canções que sua mãe cantava pra ela

Vivia o inverno permanente do fogo

A guerra pelo poder não tem primaveras

Subia a serra em silêncio, oculta na mata

Aceitar nunca foi seu impulso mais forte

Viu de tão perto a maldade humana

Era só uma estrela no universo da morte

E orava como aprendeu ainda criança

A uma salvação que parecia jamais chegar

Luzes à noite? Quiçá uma vela, talvez

Ou com muita sorte, uma noite de luar

E lembrava, como se vivido houvesse

No tempo que tanto despertava nostalgia

Era a menina que inspirava sonhos

E mesmo certas, suas lágrimas ninguém via.

POETA URBANO
Enviado por POETA URBANO em 13/01/2014
Código do texto: T4647397
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