AUTO-ESTIMA

Sou mais um dentre tantos

os que pouco têm para comer,

gerir, gerar, sonhar, produzir...

ou a meus irmãos oferecer.

Como se uma grande estrela fosse

no negro e misterioso firmamento,

dentre tantas e quantas outras,

sem brilho, sem vida e sem luz.

Angústia! E nessa miséria, a tristeza,

de ver materializar-se dor e sofrimento,

nesse espelho que só reflete desesperança

e a ninguém contenta ou seduz.

Quadro comum, desmazelo rotineiro,

de nosso dia a dia de agora. Fruta podre,

flagelo, que nosso povo já por muito tempo,

na ressequida goela introduz.

Trôpegos, percorremos sempre,

esse acidentado e difícil caminho,

sinuoso, perigoso e repleto de espinhos,

maltratados pelo cruel destino.

Sem riqueza, conforto ou luxo

que tão poucos, muito ostentam,

ainda assim, de cabeças erguidas,

vamos cumprindo nosso doloroso papel.

Ofertem-nos trabalho ou um pedaço de terra,

uma pá, uma enxada e uma picareta usada,

que transformaremos nossos menores sonhos,

na terra prometida e tanto esperada.

Não se penalizem, muito menos nos esmolem!

Nunca, jamais! Não nos tirem a única riqueza,

gerada e fortalecida na honra de nossos pais,

e que do tronco de nossa família emana...

Que é o orgulho de ser pobre

mas com vontade insana de vencer,

ou o direito conquistado, mais do que nobre,

de gritar o inconformismo... de tanto padecer!

Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 18/05/2007
Código do texto: T492131