Há-de querer-nos a vida...

A primavera inteira floresci

como uma criatura afortunada

agora me pergunto onde irei sem ti

ou tu sem mim...

Sentir-me-ei flor sem jardim,

casa sem muros, pó de coisa acabada

berço sem embalo

a semente dum sonho que inventei

e calo.

Nada se ouve, nada se vê

desenham-se meus passos incertos

alinhavam-se as minhas horas

Onde te tenho?

Que dor é esta, que frio?

Porque demoras?

Afasto o tempo de antes e depois

e o presente é alvorada entre

nós dois.

Os dias passam continuamente

e o coração corre, corre

esquecendo de viver o presente

a doçura dos anos está indo

como pássaro que voa sem rumo

em delírio vou pressentindo

que a vida se esvai como fumo

Há-de querer-nos a vida

enquanto o destino corre

enquanto nossas horas não estão perdidas

enquanto há nelas interesse e o amor não

morre...

natalia nuno

rosafogo