Água viva

A água triste

cai velando o ser

já sem luz em lenta

combustão

por ver morrer-me o coração

e ninguém aqui tão perto

chegou empunhando

o estandarte onde narro

cada viagem por tantos oceanos

navegados

mil outras memórias em cada

olhar agasalhado

nos silêncios que desfruto

nesta versatilidade colorida

onde desagua estampada

escorrendo da boca molhada

um gomo de vida

verdadeiramente amada a cada dia

– Sorri a leve brisa

nos corredores sonâmbulos

onde envelheço esta noite

que vagueia neste horizonte

longínquo

e te revejo sitiada

oh…alegria desenfreada

que bebes nutrindo a sede

deste mundo

e me deixas inundar teu rio

com abraços que o mar irrompe

em estuários consumados

nas vagas inquietas onde contemplo

heróico

a chegada amadurecida de mais

um dia recostado neste sentimento

que decreto assim estóico

num ímpeto fantástico

onde colidimos cada fracção de

tempo que goteja ameno

tantos aplausos levados na

sinfonia dos ventos

E na derradeira e atónita

vertente das águas celestiais

aqui nasce

brota

e flui

a orla dos céus marejados

que em teu riacho espelha

a limpida ilusão curvilínea

que ao entardecer

ferve, atreve e de amores abrasa

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 20/02/2015
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