Por fim...a cura !

Dos males que a vida, por vezes

impotente devora em meu corpo

resta somente buscar na enfermidade

do tempo

a cura possível

sem mais padecimentos

nesta epidemia onde enfermo

o corpo regurgita em cada segundo

deprimidos risos

escondidos numa célula

que prolifera nesta química activa

em excursões perniciosas

e vagabundas

qual sacrifício que se apressa

numa esperança que vive silenciosa

Até chegar por fim a cura

na insanidade desta solidão

onde pleito e me ressuscito cada dia

administro-te as fracções de uma cura

mais paciente

usufruída gota a gota em intervalos

de uma feroz convalescença que

de amor desesperadamente

toda a existência nos incita

Não sei mais curar a solidão

Não sei como revigorar a esperança

Nem sei mais com veemência

se nesta colectânea de poemas

ainda irei resguardar o remédio

santo

quando o dia adoece incapaz

ou se vislumbro na farmácia

do amor o elixir

onde sei posso e levito

revigorando-me entre tuas

explícitas revelações

onde brota cada milagre derradeiro

perfumando nosso céu em azuis

infinitos no tempo que resta tão invicto

Nem sei mais se são estas mágoas

passageiras

sobre os efeitos secundários

ou o medo

injectado nas veias ardendo

recobrando depois em teu colo

em delírios e excessos de vida

pois o tempo

a seu tempo…sorri, envenenando

de vez a morte sem mais arrítmias

ressuscitando-nos de vez a cura

em cada acto de vida emanando

do amor que é a nossa

imensurável sutura

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 02/09/2015
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