Rios de lágrimas sobre o vazio - Nem tanto à Terra nem tanto ao mar

Sem nenhum partido,

sem estar perdido,

vou seguindo...

Em partes dividido.

Cada qual procurando formas de arte.

Atrás das cortinas, mentiras anseiam por iluminar-me.

A vitrine do anseio não reluz o sol,

nem transforma o belo em feio.

Cidades vazias? meias verdades?

Não as quero.

Labirintos doentios?

Rios de lágrimas sobre o vazio?

Não careço.

Nem tanto à terra

nem tanto ao mar.

Nem tanto à morte

nem tanto à vida.

Fecho os cortes.

O alvo da paixão

procura as flechas da certeza.

Preciso: liberdade vadia.

Quero: lua cheia.

Pra falar-te sobre mim, resta a poesia.

Sobre os pelos da esperança

nasce a face de um poeta.

Sigo sem medo.

Segredos possuem dedos

sem anéis como cadeados.

Ainda anseio por uma queda no trilho -

o trem da morte se atrasa.

Atraio, então, minha sorte -

eu e o meu norte.

Sem estar perdido, quero seguir.

Não nasci estranho no ninho.

Vidraças de janelas

não nasceram martelos.

Mapas coloridos nascem em palmas de mãos

sedentas por novas estações.

Navego infinito

no grito de saudação à vida.

As peças de um quebra-cabeça

se juntam -

o eu-dividido se refaz.

Abro os olhos.

Sigo em paz.

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 09/09/2015
Código do texto: T5376389
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.