GÉRMEN DE ESPERANÇA

Uma árvore plantada, numa casa na minha rua,

Como há milênios fizeram suas antepassadas,

Dispara a esmo suas sementes prontas e maduras,

Na esperança de ver surgirem novas criaturas.

A força do disparo é tanta, a pontaria certeira também,

Que as sementes voam por todos os cantos e arredores:

Acertam vidraças, sobrepõem grades, galgam telhados,

Num afã de encontrar solo fértil, propício, acolhedor.

Não será fácil, amiga árvore, divina criatura!

O chão de piche, escaldante não é apropriado,

Torço que vença esta batalha, difícil e dura,

Consiga penetrar a barreira do solo asfaltado.

Consola-te, amiga, há ainda tênue esperança:

Guardei um destes teus gérmens, voadores certeiros;

Dias destes qualquer, como uma alegre criança,

Fincar-te-ei no chão da vida a espera de novos herdeiros.

J.MERCÊS

2.12.15

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 02/12/2015
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