Ame agora ou, cale-se pra sempre

Quando o tempo que ouve teu motejo,

Se fizer Deus, e escutar ao teu rogo;

Descobrirás que a confusão do desejo,

Por conveniência, interesse ou pejo,

Não é equivalente à extinção do fogo...

Aí poderá ser tarde pra buscar lenha,

A espera sofre esperar, até certo dia;

Caso, traços de amor próprio, tenha,

magma quente que escorre na penha,

logo petrifica também, enrijece, esfria...

Considere o alerta que ouves, enfim,

tomes tento e no mesmo te espelhes;

pois, quando o monótono ficar ruim,

amor que viria se lhe fizesses assim,

não mais virá, nem que te ajoelhes...

Quando o hoje for lido como passado,

Terei clonado n’outra o gene do amor;

Não estará vago o leito ao meu lado,

Então, não faças assim, nem assado,

Tão somente, faça silêncio, por favor...