sede de carinho

Pensar que eu pensei que a gente já era,

A fera do desengano arranhou-me a face;

Nasce a nova esperança em solo tapera,

Quimera que foi, vira realidade e enlace...

Vida gosta de engendrar essas surpresas,

Acesas as velas que supúnhamos mortas;

Portas que fecharam como se, represas,

Mesas postas, retas vias, nas linhas tortas...

Ridículos conselhos para cortar os pulsos,

Impulsos que acossaram, na dor, contudo;

Mudo silêncio que insinuou a isso, avulso,

Expulso, o resto das nossas vidas, é tudo...

Solidão não mais me achará tão sozinho,

O ninho que esfriou, agora será de dois;

Pois, quem morreu de sede por carinho,

Vivinho, há de ser doce, agora, e depois...