Navio Pirata

Às vezes afastamos pra ficar mais perto,

Decerto falo a entendidos, desses ardis;

precisamos sentir à vastidão do deserto,

pra vermos quanto valem nossos cantis;

o rumo da fuga, incidentalmente aberto

era o início turbulento, de um final feliz...

Do pão da amargura quem já anda farto,

Faz uma cara de nojo ao comer outra vez;

Cada postulante desconexa que descarto,

faço porque acredito ainda o que descrês,

os poemas nem sei com quantas, reparto,

o coração, segue devaneando com tua tez...

Então sonho acordado, mas, são, não surto,

E, protagonistas na tela, sempre somos nós;

Num longa-metragem que sedento encurto,

Como se o rio se apressasse pra chegar à foz,

A vida posta seus gracejos, azedo, não curto,

Nada tem graça, estando divorciado de nós...

Nem adianta o Fado se fazer assim, de morto,

Desses desestímulos já estou mui cheio, assaz;

Posso ver a escrita reta sobre esse risco torto,

Pois, conheço a destreza excelsa de quem faz;

O navio pirata mui breve atraca em seu porto,

E cambia a bandeira de ossos, pela alva da paz...