Há momentos...
Momentos há
que eu saio por aí
rio, canto e danço
sem pedir aplausos no fim do
meu acto
Há momentos incomparáveis
vividos com muita intensidade
expelindo na caligrafia do silêncio
todo o dicionário de palavras invulnaráveis
acontecendo neste armistício de amor
negociado de forma tão memorável
Momentos há
trajados de
inexplicáveis mistérios
adormecidos no dorso do tempo
com destino traçado em todo meu
visionário de verbos tão mercenário
Há momentos
que assim até me agiganto no meus
sonhos
qual proletário desta vida plena
onde flutuo na delicadeza absoluta
de um beijo ancorado ao teu
gesto de amor tão risonho
Há momentos
pintados em quadradinhos
fragmentos embebidos num verso
deportado
deixado diluir no vestibular sagrado
onde desaguam todos os nossos caminhos
Há momentos flagrantes
onde com engenho te adormeço
lá no meu ninho
sobrevoando por entre os folhos
do teu ser
todo o imenso céu onde ladrilho
este manifesto de esperança
Há momentos
determinantes deixados vaguear
pela noite em relinchos de prazer
divertindo todos os quarteirões
onde povoamos a vida deixada
nos trilhos do amor rebolando
a seu bel-prazer
Há momentos eu sei
onde em ti vou completamente
me refazer
mesmo que me perca no teu adocicado
fôlego com mil sabores a condizer
irei num cessar-fogo safisfazer
cada gesto conivente
atordoando-nos com mil watts de prazer
num lamento irrefutável nos levando
à rebelião tão plenamente
FC