DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER

Basta olhar ao redor,

Não muito longe de nós mesmos,

Quantos famintos!

Quantas fomes!

Corações piedosos

Por vezes, contentam-se

em sacudir o Mestre,

Que parece não enxergar

a fome que assola a humanidade,

e clamam a Ele que resolva a situação

tão incômoda aos seus olhos.

Corações piedosos,

por vezes,

despedem o faminto com um

“Deus há de saciar a tua fome!”

- É só o que podemos fazer! Justificam.

Que tal aderir ao imperativo do Mestre?

“Dai-lhes vós mesmos de comer!”

Mas, “Não dê o peixe, ensine a pescar”, é o dito popular!

Dar o peixe é se conformar às injustiças deste mundo,

É saciar a fome momentânea sem restituir a dignidade.

Ensinar a pescar é reverter a ordem das coisas,

É amenizar a produção da fome tão útil aos poderosos.

Entretanto, não basta saber pescar,

se muitas vezes, não há condições para tal.

Mas, o “Dai-lhes vós mesmos de comer”

É maior do que tudo isso!

É trabalho, partilha, amor, justiça,

Política!

É não transferir ao Divino

A responsabilidade humana,

É mais do que dar o peixe,

É mais do que ensinar a pescar,

É lutar para que todos

Tenham vida plenamente,

É sentir as fomes com os outros

É sentir a fome dos outros

E deles se aproximar

Com eles e por eles lutar

Por um outro mundo possível

No qual ninguém morrerá de fome,

De nenhuma fome!

Antes, a fome será um instrumento

para buscarmos continuamente,

insistentemente a nossa auto-realização,

A nossa vocação de SER MAIS

A nossa e a dos outros!

Gilmara Belmon
Enviado por Gilmara Belmon em 26/05/2016
Reeditado em 26/05/2016
Código do texto: T5647302
Classificação de conteúdo: seguro