Um DomIngo NO CEmITÉRIo!

Olhos de faroletes acesos

Descansam corpos na areia cinza e fria

Pássaros cotovia acima das lajes e tão indefesos

Abaixo da terra o mistério da saudade silencia...

O irmão olhando o féretro de mais um corpo

Que se "desplugou" da multidão

Tantas mãos hábeis conduzindo aos vermes

Aquele ser que nos aninhávamos na mão

Difícil são os caminhos e as escolhas feitas

Ela, sempre ela, a morte! Ser a dona de todos nós

A vida não é só feita de receitas

Temos que reconhecer que assim como trigo somos pós...

Hoje fui visitar meu velho pai no cemitério

Com seres que são parte de meu ser

Existir é caso sério

Mas, é no deixar de existir que está o grande mistério...

A grama e o orvalho dilatavam nossos poros

Uma tirinha de remorso talvez existisse

Quando se é ser humano não pensamos nos ossos

Mais é o que deixamos na terra, diz o disse-e-disse...

Nesta terra viemos aprender a perder

Ganhar todos querem não é mesmo?

A pedra bruta precisa ser rolada até ser

E quando lapidada não precisa mais correr...

A viagem foi linda até quem diria

Ao cemitério ver com os olhos desnudos

O quanto a lágrima seca e vira poesia

E o ser do outro lado quisera eu... me ouvisse embora mudo...

Morto no jardim do horto

É não ter a capacidade de ter amor

Junto aquele que já partiu deixando o direito a torto

Não transformando em flor sua própria dor...

Aprendi a olhar o cemitério como uma berlinda

E cujos filhos vão-se fazer oferendas

Como as abelhas fazem o mel que nunca finda

Nas colmeias cujo antepassado são suas lendas...

Lugar de sossego e imensidão

Ali está escrito nosso destino

Um pedaço de chão

Quanto ao sangue se volatiza...qual um pouquinho de vinho!

Um beijo é um retalho de renda que retemos

Todos no fundo morremos afogados

Um abraço apertado é tudo que temos

Que o beijo nos seja negado mais jamais o desejo nos seja rasgado...

morrer é ir-se voltando

chegar é chorar-se amando

morrer, é ir-se chorando

pra qualquer um outro lugar chegar a sorrir é ir se chegando...

Cemitério, terra embrionária

Terra do aqui tanto fez e tanto Jaz

Consumismos desfeitos! Eis a verdadeira reforma agrária...

Anjos caídos sem calibragem de ar na terra estacionaria...

Leve é o tempo breve que se nos levaram os contra-pesos dos anos...

A vida é feita de escolhas...colhas também das flores incertas do mal

muitas vezes temos que colocar as mão neste imenso vespeiro

para podermos voar um pouco com essa energia artificial

chamada de flores da ilusão cujos espinhos está o dinheiro

mais acima de tudo mantenha o pólen da calma

Pois que, num único gesto errado que tomeis junto á flor do amor

Até as asas de uma borboleta pode pesar-lhe na alma

A morte é tão somente voltar-se

Pra gente numa viagem

Que ainda vai acontecer

E quando este dia vier

Alguém no final de nossa jornada

Vai dizer assim diante do mapa "lapidal" da igualdade:

Lendo meu nome entrincheiradamente marmóreo e dizer ACHEI!!!

E ali só ficaram os meus ossos como adereços

Como que dizendo pisem macio no solo

Pois um dia poderão pisar em vocês

Pois que, quer queiram ou não

Não temos para onde ir

Se não acabar tombados no chão

Esse é o preço que ao voarmos alto pagamos por existir...

Não te preocupeis com a cruz que carregas

Deus é a luz que a ele a entregas...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 20/06/2016
Reeditado em 20/06/2016
Código do texto: T5672564
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