INVOCA-ME

Invoca-me, oh soldado de mim mesmo,

Para que não tenha medo da batalha e da guerra,

Invoca-me, para que não retroceda,

Que os calos dos tropeços aguentem as pisadas no chão.

Acha-me, quando tudo for trevas dentro de mim,

Para que a esperança seja o meu sol,

Chama meu nome, quando os olhos estiverem se desviando da janela,

Para que a fé sustente minha força enquanto um novo dia se lentamente levanta.

Garganta que se inflama sem vírus, são meras preocupações,

Eu senti o mundo girar mais forte e agora estou anestesiado,

Ainda se faz noite, madrugada sem estrelas,

A voz do anjo ecoa de tão longe, ele está dizendo “mais um passo, mais uma vez...”.

Me calo para sorrir, quiçá não percebas a moldura,

Me faço minha própria pintura, e com arte escondo a dor,

Eu sinto a noite acabar, junto aos suspiros,

Entrego minhas unhas às paredes, intentando quedar-me em pé.

Invoca-me, oh soldado de mim mesmo,

Entrega-me a luta como quem não teme,

Para que a cicatriz seja somente mais uma memória,

Da dor que se ausentou vagando lugar a um despreocupado sorriso.