O Tempo...Esse Algoz
O tempo...esse algoz
Olho-me atentamente
no espelho da cômoda
como os anos passam rápido...
meu filho já não é mais um bebê
meus olhos...cadê o brilho
não o vejo
envelheci...
ou eles perderam a cor?
Creio que tenha sido ambos.
Desolada ando pelo casa
em busca de algo
que me lembre um passado feliz
algo que me faça remoçar urgentemente
vasculho gavetas, cômodas, atrás da porta
algo que me leve de volta a mim
a uma época em que era feliz
nada encontro...
senão fotos antigas,
cartões amarelados pelo tempo
um guardanapo com um velho poema
uma flor murcha dentro das páginas de um livro
igualmente velho como eu...
sinto um pesar invadindo minh'alma
meu corpo cansado pelo tempo
se choca com minha realidade.
Quem sou eu?
Senão uma mulher de meia - idade
com tempo perdido em demasia.
Então, vasculho em meio a tua isso e
começo a rever aquelas fotos...
e uma lágrima rola pelo meu envelhecido rosto
Quanto tempo !
Então pego o velho livro
começo a folheá-lo
e me deparo com suas letras
e leio atentamente cada linha
era um livro de poemas
e havia dentro dele a velha flor murcha
a primeira que meu filho pegou em nosso jardim
quando dava seus primeiros passos...
À medida que ia me recordando dos bons momentos
começo a sentir uma alegria nunca antes sentida ou
há muito tempo esquecida
e percebo que o tempo passou sim
mas as doces lembranças
essas se eternizaram em minha mente
Lembranças... que me remoçam
quando o tempo insiste em me fazer envelhecer.
Rosane Silveira
(direitos reservados)