FIO DE ESPERANÇA

Nas pontas dos dedos resta-me a esperança

Dessa tarde chuvosa respingando solidão.

O embalo do corpo na rede

A flor que nasce sorrindo trovão.

Recomeço um pensar que me escapa

Na dança frenética das borboletas

Essas estupidas borboletas

Que teimam em me ensinar a voar.

Aqui da minha janela vazia, vadia

Por detrás da árvore meu olhar nervoso

Sobe nos muros, nas pernas da prostituta

Mas a prostituta é tão vazia quanto minha janela.

Ah, essa vaga esperança

Em mancha`lma de gaivota

Língua na poeira da rua

Espanca, suja, desbota.

Nunca mais irei ver-te ávido verde

No silencio da rede

No incêndio da rede

Nem na lama

Nem na sede

Dessas nuvens de domingo.