A LEI HUMANA
Que lei é essa,
Que não pode ser burlada?
Como tantas outras,
Defraudada?
Seu julgamento é fatal,
E todos estão condenados.
Sob ela vivemos,
Sem mais nem menos.
Não há por onde fugir,
Nem esconderijo
Intransponível.
Cada segundo está contado,
Cada passo anotado.
Tudo milimétricamente
Calculado.
Tentei suplicar
Ofereci meus rogos,
Mesmo assim não cedeu.
Implacável.
Nem sua fúria
Pôde ser amenizada,
Ou seu rigor
Amortecido.
Inexorável me tirou
O que mais precioso
Me pertencia, meu ouro:
Minha vida,
Que julgava eterna.
E hoje apesar
Das mãos fracas,
Da visão curta,
E do andar encurvado,
Conservo em mim
Mesmo que imperceptivel
Aquele olhar de
muito tempo atrás.
Aquele olhar curioso
Que muito ainda tem
A aprender.
Mas o que fazer?
A lei tenho que pagar...
Mas juro que conservarei
Comigo, no meu íntimo
Até o fim
o mesmo espirito jovem...
Sedento de conhecimento
que me foi tirado.
E assim infringir
Essa lei do pecado.