Comumente
Queima como se tudo estivesse longe
fere como se tudo estivesse perdido
Desenterra momentos
faz com que agora eles não sejam bons ou maus
mas apenas passado
Porque estas páginas viradas continuam tendo efeito,
tanto efeito no meu peito?
estão grudadas nalgum lugar
Nessa grande parede semi-desértica
que comumente chamam de memória
habitam apenas fantasmas, espectros e sombras
de momentos que são porque nunca foram
Entristece como se tudo estivesse longe
desespera como se tudo estivesse perdido
Minha alma errante chora, mas colhe
os frutos verdes da alegria
Ainda que com lágrimas
espalha risos pelo que comumente se chama vida
Pois lá no fundo sei que nada passa pra sempre
e tudo contribui para o que sendo-sou-até-já-ser
sem que eu mesmo consiga entender
o que essas certezas significam de fato
Então eu queimo, eu sangro, eu me entristeço
Desespero e canto
E choro por aquilo que foi
Desejando ardentemente que não volte