O vazio como arte de sobrevivência

" passamos pelas coisas sem as ver,

gastos como animais envelhecidos...

como frutos de sobra sem sabor

vamos caindo ao chão apodrecidos".

Eugénio de Andrade

Quem mora nesta solidão adiada

com afagos de nostalgia

tendo por companhia

os pássaros feridos de fome

Que esperas

a morte ronceira

ou o marinheiro

que colheu os frutos

da tua primavera

e se afastou em nau catrineta

e que tu teimosamente

continuas esperando

Que se opere em ti o milagre da carne

e então poderás fenecer

e alcançar os verdes prados

que habitam os teus sonhos

e preenchem a solidão

com que coses os teus dias

Rogério Saviniano Telo

Rogério Saviniano Telo
Enviado por Rogério Saviniano Telo em 27/12/2007
Código do texto: T793211
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