ENCONTRO COM UM AMIGO

Seria bom ter um tempo para parar tudo e sair para ver o mar...
O mar, ficar sentado na areia de um dia não tão quente, à vontade.
Ver as ondas do mar, que vão e voltam, renovando sempre o tapete de areia.
É a intersecção entre tudo que vive na terra e entre tudo que vive nos oceanos.

Se eu pudesse acompanhar esse movimento, aprenderia com as ondas do mar,
A neutralizar a minha ansiedade, o desânimo aparente, a fadiga, o inexpressivo.
Porque no mar tudo se move naturalmente, com ânimo, energia e brilho.
A cada movimento de ida e vinda da onda pode-se contar uma nova estória.

Eu não iria me atirar ao mar. Não me sinto pronto para entrar no mar, só admirar.
Eu conheço muito pouco do mar, mas eu sinto sua força, eu vejo na sua imensidão.
Eu respeito o mar, as criaturas que lá vivem, os ventos que trazem as ondas e o mar.
Apenas quero que o mar me ensine a refletir, ponderar, planejar, articular.

É lá. É lá no mar que tem essa energia que eu preciso para me resgatar.
É lá. É lá no mar que tem o equilíbrio que eu preciso para mudar.
É lá. É lá no mar que tem a coragem que eu preciso para agir.
Eu preciso aprender com o mar. Chegar, me apresentar, saudar, ouvir e calar.

Andar em torno do mar... Fazer um caminho na areia, contar uma estória nas minhas pegadas,
reconhecer minha vida na trilha deixada, chorar, rezar, refletir e de repente rir...
Os mistérios do mar, que mistérios? Está tudo lá, é só respeitar para conhecer, fazer parte.
Passar pelo mar, fazer ele perceber que estive ali. Afinal, eu vou em busca da sua sabedoria.

O mar e eu temos algo em comum. As pessoas geralmente só nos vêem na superfície.
Ele tem profundidade. Ele tem muito mais riquezas e belezas a serem exploradas e vividas.
A gente se apresenta, mas as pessoas só vêem aquilo que querem, passam por lá, sem cuidar, sem pensar que alí existe vida, e deixam seu lixo, sua sujeira...
É o efeito da beleza latente e da generosidade descarada, tome, leve o quanto puder.

Por isso eu sei que o mar me compreende, embora estejamos sempre tão distantes.
É a vida na terra que me amarra, não consigo sair para ver o meu amigo mar,
Se eu pudesse ter alguns dias junto ao mar...

É porque eu ainda não sou livre como o mar, essa é a principal lição a tomar.



jluizalencar
Enviado por jluizalencar em 05/02/2008
Reeditado em 05/02/2008
Código do texto: T846395
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