SOLIDÃO

Triste, olhar perdido,

Ausente, pensante,

Relembra passado,

Que se foi,

Num embalo,

Qual ligeira brisa que afasta as folhas.

Hoje só,

Procura horizontes,

E a visão cansada, sem brilho,

Quase opaca,

Vislumbra formas,

E na solidão forçada,

Não vê figuras, nem cores,

Muito menos as flores.

Seu perfil de antes,

Vigorosa, ousada, bem forte,

De contornos suaves,

De graça aprimorada,

Hoje já não existe,

Pois sabe, na imagem que projeta,

Que é velha, passos lentos,

Faces enrugadas, sem rubor,

Sem viço, apagadas,

Um acinte da que foi,

Na juventude de outróra.

Num canto,vazio,

Tateia formas, não encontra,

Familia, talvez,

Amigos, nem sempre,

E triste, desolada,

Ativa a mémória,

Desgastada no tempo,

E diz ao coração:-

Fui gente,

Fantasias criei,

Como jovem, ousei,

Dei alegrias, fui amada, amei,

Rubor na face já tive,

E porque hoje sou velha,

A familia ausente,

Hoje já não tenho.

Jairo Valio

9-05-2009