Onde vivo a vida não passa.
Fico parado olhando as praças e ruas,
a chuva fina,
carregado de um rancor.
Procuro o suor do tempo
arrebentando o meu corpo
produzindo marcas, mas não encontro
pobre de mim, que reneguei a morte.
Agora gozo de uma vida
que de eterna só tem o vazio.
Olho para a janela e vejo a mulher
que um dia amei, uma velha que se arrasta.
O cão que brinquei quando criança, virou pó
A escuridão minha amiga sumiu, só existe luz,
paz e uma solidão aterrorizante.
O anjo pousa a minha janela, não quero ir.
A eternidade me espera.
Perdi o meu amor, minhas crianças,
minha inquietação, meus medos,
tenho uma imensa saudade
daqueles dias na praça, do cheiro da pipoca,
meus filhos pequenos.
(Para minhas filhas Thais e Tainá)