A ROUPA SUJA DO VELHO CANDÉ.

Hoje, mais de cinquenta anos decorridos

Inda me lembro em claras imagens pintadas

De quando minha mãe me fazia pedidos

Para ajudá-la a clarear roupas ensebadas.

Eram do velho Candé as tais roupas surradas,

Que com orgulho vestia para a saga trabalhadora,

Na labuta diária nas minas da antiga mineradora,

Trazendo o sustento e amparo para sua família amada.

Era ainda bem menino, da infância para a adolescência,

Não sabia muito bem das dificuldades da vida,

E com a mãe que ensinava com carinho e paciência

Aprendia como tirar do pano a sujeira da dura lida.

Ferviam-se os panos misturados à folha de mamão,

Para uma primeira etapa de lavagem e branqueamento.

O fogo precisava ser avivado ao sopro de pulmão,

E para isso o infante se entregava com esmero e talento.

Depois a roupa deveria ser sovada e surrada,

Numa grande pedra, no terreiro para este ofício,

E num extenso quaradouro estendida era deixada,

A fim de ganhar cor, pois não havia outro artifício.

Velho e saudoso pai André, querida e saudosa mãe Rosa.

Hoje seu filho já não é mais infante, é adulto crescido,

E quer com estas poucas linhas, na pobreza desta prosa,

Agradecer a Deus os pais que teve sem os ter merecido.

J.Mercês

10/12/2013

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 10/12/2013
Reeditado em 10/12/2013
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