Um vigilante com medo da noite

Um vigilante com medo da noite

Tantas noites segui vigilante

Mesmo quando o cansaço rasgava a madrugada

Era nela, que ao teu menor suspiro

Eu renovava minhas forças para ficar ao teu lado

Se o quarto estava escuro, me pedias para acender a luz

Se minutos acesa, te irritava a visão, prontamente eu apagava

E assim, se seguiam as noites febris

Monitorada de hora em hora

Historinhas repetidas aumentava a fadiga

Os olhos se fechavam anunciando o final

Mas, ao ouvir baixinho o “de novo papai”

Recontá-las sem versões era pra mim um prazer

Depois de uns dias, a vida voltava ao normal

Preparando o corpo para a próxima vigília

Assim, repetiu-se por vários anos

Até se tornar desnecessário os meus plantões

Tudo passou muito rápido pra nós dois

E o inverso da vida parecia se confirmar

Desta vez era eu derrubado na rede

Querendo apenas sua distante atenção

Meus gemidos ritmados se tornaram em vão

Os pedidos com a voz rouca foram ignorados

O frio em céu aberto provocava tremores

E apenas as estrelas conversavam comigo

Foi assim que tive que viver aqueles tristes momentos

A minha garotinha, agora era mulher

E não precisava mais de mim para aquecê-la

Agora, era eu que precisava ouvir suas histórias