Presságios

Olhando teu retrato,

veio em minha memória

lembranças do passado.

Eras a própria poesia.

E, ainda menina,

quando desabrochavas

fiz uma profecia:

“ Filha, tua herança

será a poesia”.

Pude colher alguns versos

de tua emoção

e assim pressagiei

uma ilusória missão.

E insistia:

Escreve mais uma...

Então escrevias,

rimas lindas e tocantes

como há muito tempo

não se via.

Mas tinhas sonhos, anseios,

e teu coração pedia

que os poemas ficassem

distantes.

Não houve meio.

Dizias:” Mãe, quando tiver

a sua idade,

volto a escrever

poesias.”

Ledo engano,

ela nos escolhe,

e não nós a ela.

Orgulho, pretensão.

Somos o anverso,

limitação.

E minhas palavras ocas

se vestiram de magia.

Todo esse tempo

fui ingênua

em minha alegria.

Pois não via

que esta missão

não era tua,

era minha.

Sandra Reis
Enviado por Sandra Reis em 11/07/2007
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